sábado, 1 de dezembro de 2018
Amanhã recordaremos
Amanhã sentiremos falta
dos poemas que lemos juntos,
das canções compartilhadas,
dos risos e da alegria
em nossas celebrações
na hora do almoço.
Lembraremos com ternura
o tom de cada voz,
a primeira leitura de um,
a vergonha cedendo aos poucos,
o desembaraço de outros
beirando a exibição.
Recordaremos sim, com amor,
os planos em mensagens,
os temas de cada dia,
democracia sensível da arte,
os cartazes tão bonitos
anunciando nossos afetos.
Reviveremos a euforia
da primeira e da segunda vez,
mais gente chegando
compartilhando suas palavras,
as almas reveladas
nos detalhes pequeninos.
Amanhã lembraremos de tudo
com as confusões da memória
e o vívido amor da juventude
- as fotos estão logo ali
para fazer pulsar bem forte
nosso enorme coração.
Enquanto esse tempo não vem
desfrutemos nossos momentos,
a beleza de estarmos juntos,
moços, na hora do almoço,
em nossas rodinhas singelas
festejando a arte e a vida.
Anápolis, 8/9/18.
domingo, 25 de novembro de 2018
Segure a minha mão
Ei, você, segure a
minha mão.
Não sou tão forte
para o carregar
sozinho
mas posso ajudar
a se erguer um
pouco.
Um pouquinho que
seja, serve.
Olhe aqui pra mim,
olhe ao seu redor,
veja que o mundo é
colorido!
Veja o quadro do Van
Gogh,
veja as flores por
aí,
a caliandra vermelha
brilhando na seca!
Já reparou que
lindo
é o nosso por do
sol?
Ei, segure aqui na
minha mão,
eu o ajudo a
levantar.
Vamos caminhar um
pouco juntos
e ver quanta coisa o
mundo tem.
Escute, são canções
vindo até nós,
é gente se
alegrando
e gente triste
também.
Sabe, não estamos
sós
na alegria ou na
tristeza,
escute as canções,
cante conosco!
Leia nossos poemas,
traga os seus
também!
Fale um pouco de
você,
pode até lamentar,
a gente entende,
tudo bem.
Agora abra bem os
olhos.
Depois ver lá
dentro
é bom olhar aqui
fora.
Segure firme a minha
mão,
dê aqui um abraço,
essa outra que está
livre
estenda para alguém,
está aí do lado.
Juntos, de mãos
dadas,
é uma roda que
formamos,
essa coisa de
criança,
beleza pura,
ressuscita!
Firme as pernas, meu
amigo!
Força nos joelhos
vacilantes!
Dê aqui a sua mão,
isso,
vamos juntos!
Veja, ali, logo ao
seu lado
alguém caiu na
estrada.
Vai pra ele de
mansinho
e diz ao pé do
ouvido:
“Ei, você, segure
a minha mão!”
Formosa, 11/9/18
quinta-feira, 14 de junho de 2018
Saí pra ver a América
Eu vi um homem passando por mim
e de manhã ouvi um pássaro cantando
uma canção alegre.
Saí pelo mundo
fui ver a América
e encontrei coisas pequenas
e coisas grandiosas.
As pessoas, o dia-a-dia
na minha frente
perto perto,
toquei, senti
a cordilheira, os grandes lagos, o deserto
senti as pessoas
almas desesperadas
pelo mundo que muda rápido.
Dividi uns pãezinhos com desconhecidos
numa praia num dia de sol,
várias pessoas recusaram ajuda
outras tantas me levaram a suas casas
e dessas me lembro os nomes, os rostos
os sorrisos na imagem que ficou para trás,
ganhei tanta coisa, tantas vidas
tocaram em mim lá dentro.
Saí para ver a América
e dentro dela vi o mundo inteiro.
Campinas, 2 de setembro de 2008.
e de manhã ouvi um pássaro cantando
uma canção alegre.
Saí pelo mundo
fui ver a América
e encontrei coisas pequenas
e coisas grandiosas.
As pessoas, o dia-a-dia
na minha frente
perto perto,
toquei, senti
a cordilheira, os grandes lagos, o deserto
senti as pessoas
almas desesperadas
pelo mundo que muda rápido.
Dividi uns pãezinhos com desconhecidos
numa praia num dia de sol,
várias pessoas recusaram ajuda
outras tantas me levaram a suas casas
e dessas me lembro os nomes, os rostos
os sorrisos na imagem que ficou para trás,
ganhei tanta coisa, tantas vidas
tocaram em mim lá dentro.
Saí para ver a América
e dentro dela vi o mundo inteiro.
Campinas, 2 de setembro de 2008.
sexta-feira, 1 de junho de 2018
Coração em aporia
Na classe de
literatura
estranhavam-me a
impotência
de ler algo tão
curto
como a colônia
penal
enquanto crime e
castigo
passava rápido
pelos meus olhos
duas, três, não
sei quantas vezes.
(Reli para o
seminário
o professor que eu
admirava
se disse
impressionado)
Kafka é
maravilhoso,
não precisam me
explicar,
mas muitas páginas
são nada
quando se encontra
no final
graça, esperança e
redenção.
Insistiam comigo,
era piegas
a expiação do
culpado,
eu pensava aqui
dentro
e respondia sem
receio
que não entenderam.
Já faz dez anos
de quando eu não
lia
o livrinho,
cheguei à última
página
e vi a ausência
permanente,
o coração em
aporia
resolveu-me o
problema.
No fim das contas
é bastante simples,
não me agradam
os livros sem graça.
Anápolis, 1º de
junho de 2018.
Como poderei
Como poderei deixar
a poesia
e me voltar para
textos sem sentido
dizendo coisas que
não quero dizer?
Não posso, não
consigo abandonar a arte
- uma menina dança
num vídeo -
por essas coisas tão
importantes da vida
como o trabalho
incessante dos dias.
A música da minha
juventude
pulsa no coração,
pulsa como antes,
e sempre volto.
A vida chama,
obriga, bate,
a gente vai, lava um
pouco da louça,
fica na reunião até
o final,
discute, reforma,
prepara,
corre no mercado
comprar o esquecimento.
Enquanto isso passa
rápido
na cabeça coração
devaneio
estão as velhas
canções
o quadro lindo da
exposição
os versos tocantes
do amigo
o céu azul no
parque
(com toalha e pique
nique)
o balé da década
passada
a peça durante a
greve
o Elvis dançando na
rua
o show que vimos
juntos
a oração solitária
e de mãos dadas.
Parece pouco,
talvez,
mas é tudo.
Anápolis, 1º de
junho de 2018.
domingo, 27 de maio de 2018
O melhor de mim
O melhor de mim
são palavras
singelas
expressadas com amor
que quase ninguém
lê.
Uma verdade
inescapável,
profunda,
simplezinha,
o amor, sem parecer,
é sempre bastante.
Continuo mandando
palavrinhas para o
mundo
esperando talvez
alcançarem seu
destino.
Quando chega, enfim,
o esperado encontro
sou cheio de alegria
como criança, e
choro.
Temos todos
afetos represados
esperando a chance
de voar.
Anápolis, 14 de
maio de 2018.
Reencontros ou poema de um professor satisfeito
Para
Beatriz e Gabriel
Era uma conversa
comum
desses nossos temas
cotidianos
crise financeira,
greve na universidade,
esquerda, direita,
ricos, pobres,
tudo de suma
importância
como a vida, aliás.
Eu falava e escutava
alegre, apesar de
tudo,
basicamente
impressionado
porque eles, meus
antigos alunos,
me falavam com afeto
e muita competência,
olhando nos olhos
à mesma altura.
Anápolis, 18 de
maio de 2018.
Lagriminhas
Os poemas que
escrevi
para meu pai e minha
mãe,
ainda choro quando
leio.
E fico pensando
assim:
meu Deus, quando é
que passa
essa solidão dura e
inclemente?
Muitos anos atrás
escrevia poemas em
perguntas
e ainda me faltam as
respostas.
Um dia a vida finda
e tudo de bom e ruim
fica esquecido.
Agora, porém, levo
comigo
as lembranças boas
as ausências.
Em dias aleatórios
lembro dos meus pais
e choro pelas
madrugadas.
Em tardes aleatórias
chorava por minha
mãe
caminhando em
lembranças.
Fingi me acostumar
porque a vida segue,
está bem.
O coração, apenas,
teima em fazer
dessas
e a gente não
controla.
Esqueci minhas
perguntas
de quando tinha
quinze anos,
as memórias
continuam aqui.
Outro dia fez dois
anos,
não escrevi, não
falei,
pensei, senti.
Amanhã faz cinco
anos
nunca sei ao certo
como vou agir.
Sinto sempre e
muito, penso
falo pouco ou quase
nada
pareço sempre
igual.
Todo mundo sabe
ninguém é o que
parece
lição pra
recordar.
Não é possível
viver a vida
sem sofrer.
Não é bom
viver a vida
sem amar.
De alguma forma
é um mistério
a gente pode se
encontrar.
A mesma música
um livro
uma ausência.
De alguma forma
não sei como
espero
a gente se encontra
por aí.
Goiás, 27/06/2015
(1h22) – Anápolis, 21/05/2018 (20h08)
As dores da alma
Num dia qualquer
você faz uma pergunta
enquanto caminha
pelo corredor
e a pessoa ao lado
acha tudo estranho.
Num dia comum o
algodão branco do céu
parece mais triste
porque o azul não brilha
e as mesmas pessoas
amadas aborrecem.
Num dia desses você
perambula pelas ruas
que já conhece
vendo as casas repetidas
e a cidade parece
mais feia e mais suja.
Num dia assim a
grama verde de ontem
fica seca, feia, não
tem a menor graça
e as árvores estão
todas amarelas.
As dores da alma
calam mais fundo,
a solidão ruge mais
forte no peito
e você não sabe
exatamente por quê.
Formosa, 23 de maio
de 2018.
sábado, 26 de maio de 2018
Há dias ruins
Há dias ruins
em que o mundo
perde as cores
e as luzes são
escuras.
Há dias ruins
em que você diz
palavras inadequadas
e percebe logo
depois.
Há dias ruins
em que chegam
notícias
desequilibradas
e a vida se
contorce.
Há dias ruins
em que a solidão
é um fardo muito
grande
e não dá pra
carregar.
Há dias ruins
em que o amor
está tão longe
mal dá pra ver.
Há dias ruins
sabemos, e eles
fazem parte da vida
como os outros.
Formosa, 23 de maio
de 2018.
domingo, 13 de maio de 2018
Aos órfãos de muitas mães
No segundo domingo
de maio
desejo aos órfãos
de muitas mães
o encontro do amor
imerecido
em algum canto da
vida.
Sentimos diferente a
ausência
e no fundo não sei
o que é pior,
ter mãe e perdê-la
cedo demais,
procurá-la sem
poder achar.
Nosso caminho é um
grande mistério,
a esperança move o
coração vazio
e queremos,
precisamos, todos juntos
preenchê-lo com
graça e verdade.
O que mais lembro
O que mais lembro de
minha mãe
é seu sorriso
franco e aberto
enchendo tudo ao
redor.
Sinto seu amor nas
velhas fotos,
procuro por ela em
orações
e Deus me estende as
mãos nas lágrimas.
Nos domingos
solitários
o vazio aperta o
peito,
silêncio é o
consolo impossível.
O amor de mãe, na
lembrança,
me faz esquecer a
aridez
engastada na pele.
Todos nós que somos
filhos
não sabemos muito
bem
a grandeza desse
laço.
Eu, que sou filho
de uma mãe há
muito ausente
fico perdido a
meditar.
Guardo no coração
as eternas lições
aprendidas sem
saber.
O sorriso alegre
tem grande poder.
O perdão gratuito
é urgência da
vida.
O amor, o amor
verdadeiro,
supera tudo mais.
Mãe
Eu perambulava pelas
ruas
sob a chuva fina,
mãe,
e você me
perguntava
onde eu ia, o que
fazia
e se voltava.
Sumi muitas vezes
sem dizer as
respostas
e seu coração se
esvaziava,
eu sei.
Eu voltava e você
sempre estava lá
e cantava a
adolescência comigo.
Ah, que coisa
incrível, mãe,
você lavando a
louça
Hey, ho, let’s go!
Eu queria escrever,
mãe,
por pra fora o mundo
represado,
e você lia comigo
e traduzia meus
poemas ruins
porque o rock com os
amigos
precisava do inglês.
Criancinha, antes de
dormir,
você me ensinava
orações
e a ficar sozinho
sem medo do escuro.
Que coisa horrível,
mãe,
você me via de
farda
na escola das
agulhas negras
e eu disse que não.
Fui pra longe de
você, mãe,
mas não era culpa
sua,
no fundo a vida me
chamava
e eu fui, assim
mesmo,
sem pensar.
Corri para longe
procurando Deus no
mundo
e tentando ser
melhor
cometi muitos
enganos.
Eu gostava de
voltar, mãe,
mesmo sem dizer,
não ficava olhando
da janela do ônibus
porque tinha medo de
sofrer.
O medo e a solidão,
mãe,
endurecem o coração,
hoje eu sei
e você tentava me
contar.
Estava ocupado, mãe,
com os anseios da
juventude,
a dureza da verdade,
o ímpeto sem
delicadeza.
Eu era jovem, mãe,
e não tive tempo de
voltar,
era jovem, sem
experiência,
só queria fazer o
que era certo.
Naquele tempo eu
achava, mãe,
o que acham todas as
crianças,
você estaria sempre
esperando-me chegar.
E então, mãe, o
telefone tocou
e eu corri pra ver
você,
mas era a hora da
partida.
Mantive a firmeza e
a esperança, mãe,
segurando a sua mão
na ambulância
sozinho
entre os hospitais.
Não deu tempo, mãe,
de crescer e
aprender
a amar como você
e a sorrir pra todo
mundo.
Muita gente foi se
despedir, mãe,
e me abraçaram e
beijaram,
e eu continuei indo
adiante
porque agora, mãe,
não podia mais
voltar.
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
Reunião
Do alto de um monte
a natureza celebrava
alegre e suave.
As águas do mar
cintilavam
verde-azul,
barquinhos passeavam
devagar.
A mata atlântica,
sonhava verde-delirante,
pessoas caminhavam
pequeninas.
O céu nevoado
cantava
azul-ternura,
aves voavam com o
vento.
Espetáculo assim,
magnífico,
exige algum esforço,
breve sofrimento.
No monte, alto,
sobre pedras nuas,
reunidos à criação
festejamos.
Anápolis, 9 de
fevereiro de 2018.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
Do belo amor
Pensei em responder
passo a passo
aos poemas de Álvaro
de Campos
fingindo-me grande,
imenso, infinito,
como se estivéssemos
frente a frente.
A intuição cósmica
da tristeza
e o desespero
labiríntico
descem na garganta
secos,
são tão belos.
Não, não posso
respondê-los,
são tão lindos.
A beleza é dessas
coisas,
cada dia vemos,
cada dia admiramos.
Admiro-te então,
senhor Álvaro,
teus escritos
desencantados,
tua angústia voraz,
essas lágrimas
entrecortadas
de quem entrou de
súbito na tabacaria
para um gole de
absinto.
Um dia, um dia
certamente,
um dia desses
qualquer,
de céu azul e sol
ardente,
a alegria aparece
e o amor vence o
medo.
Goiás, 31 de agosto
de 2015.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Os brutos
Os brutos,
como se sabe,
também amam.
Mas o amor dos
brutos
é como eles,
forte, violento,
brucutu.
Os brutos,
quando tranquilos,
maquinam algo.
Roem as unhas,
sofrendo, pensando
no próximo ataque
da vida.
O bruto é assim,
mesmo sem sofrer
nunca
nenhum ataque.
O bruto,
quando agradecido,
consegue, com
esforço,
parir um obrigado.
E afasta-se rápido
quase envergonhado.
O bruto,
quando gosta de
alguém,
faz-lhe coisas,
fica ao seu lado,
resmunga
e nunca diz
simples assim,
te amo.
O bruto,
quando está
contente,
corre a fala solta,
euforia pura,
canta e dança
e xinga.
O bruto,
quando concorda,
demora a dizer sim
e depois faz
igualzinho
– ideia própria.
O bruto,
como qualquer um,
tem o mundo ali
dentro
mas faltam palavras
para colocar de fora
o sentimento.
O bruto é desse
jeito,
vive a vida
esbarrando nos
outros
quando queria mesmo
um abraço.
Anápolis, 1º de
janeiro de 2018.
sábado, 13 de janeiro de 2018
O sono
O sono é um prenúncio da morte,
o cansaço dos dias,
a desilusão com a vida.
O sono é o único remédio
para o esgotamento
de todos os trabalhos ordinários.
Depois da farra - o sono.
Estudo compenetrado - sono.
Labuta frenética - ah, o sono!
Ele subjuga,
ergue-se vitorioso
sobre a consciência altiva.
Embriaga e seduz
corpo e alma.
Chega num bote certeiro,
carinho manso,
na cama quentinha,
no chão da praça,
na biblioteca.
Compromete a imagem:
as bochechas amassadas,
o restinho de baba,
os olhos de ressaca,
o mau-humor descontrolado.
Nada mais existe
quando o sono vence,
a vida perde as cores
e escurece.
O sono é um anúncio da morte.
Depois dele surge o dia,
luz e vida,
nos esperando
a ressurreição.
Formosa, 10 de janeiro de 2018.
o cansaço dos dias,
a desilusão com a vida.
O sono é o único remédio
para o esgotamento
de todos os trabalhos ordinários.
Depois da farra - o sono.
Estudo compenetrado - sono.
Labuta frenética - ah, o sono!
Ele subjuga,
ergue-se vitorioso
sobre a consciência altiva.
Embriaga e seduz
corpo e alma.
Chega num bote certeiro,
carinho manso,
na cama quentinha,
no chão da praça,
na biblioteca.
Compromete a imagem:
as bochechas amassadas,
o restinho de baba,
os olhos de ressaca,
o mau-humor descontrolado.
Nada mais existe
quando o sono vence,
a vida perde as cores
e escurece.
O sono é um anúncio da morte.
Depois dele surge o dia,
luz e vida,
nos esperando
a ressurreição.
Formosa, 10 de janeiro de 2018.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Agenda
Enquanto vigiava a
noite
meditava sobre
verdade e beleza,
bateu súbita a
prosa da vida.
As tarefas do dia
dividem a mesma
agenda
onde me sai sofrida
a poesia.
Consertar o chuveiro
A reunião – não
irei
Escrever para
fulano.
Resisto – em cada
página
espreitam poemas,
sonhos, desenhos,
e tudo se mistura
nos dias velozes,
lambendo o tempo
o tempo que nos
resta.
Anápolis, 8 de
janeiro de 2018.
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