sábado, 17 de julho de 2010

Momentos de eternidade

As palavras que me ferem
sinto-as tão profundamente
como se fossem um enorme sino
soando regular, um marca-passo,
engolindo todos os outros sons
e impregnando tudo o que faço.

As palavras de amor
me são tão necessárias
quanto a morte súbita
a alguém que já não aguenta mais.

Preciso tanto do esquecimento
para não ter o ruído surdo do rancor
devorando minha alma
como uma enorme sombra
a esconder o sol
numa manhã de Primavera.

Preciso tanto da memória
para sentir o sabor doce
das palavras de compaixão
e lembrar-me quem sou.

Não posso ouvir
todos os dias
os mesmos ruídos,
ver as mesmas imagens
ou seguir os mesmos caminhos.

Apenas sinto
- implacável -
o tempo passando, passando,
da vida que se esvai,
do que não volta,
da incerteza do porvir.

As palavras são marcas
como cicatrizes
de mim e do tempo,
uma tentativa
cheia de angústia e esperança
de dizer algo para alguém
além de mim.

A marca de que fujo
é a marca que preciso.

E então
aqui estou.
Já é quase fim de noite
e amanhã a vida rotineira me aguarda,
mas hoje ensaio
momentos de eternidade.

Campinas, 18 de abril de 2010.

Homenaje a Mercedes Sosa

Ya se fue la voz pulsante de América,
se fue la gran mujer
que cantó la vida
de nosotros todos,
el alma argentina
de la resistencia
belleza incomparable.

Los hermanos argentinos
hoy están tristes
como solamente ellos
saben hacer.

La mujer cantante
era la tristeza-alegría,
la sonrisa y las lágrimas,
la fuga y el que se queda
y muere
por el pueblo,
por la patria,
muere cantando.

Llora Argentina
Llora América Latina
Llora el mundo
y toda la gente
llora y para la vida por un minuto
por un día, por un mes,
por la vida,
recordaremos siempre.

Se fue la gran voz de América.

Geraldo Witeze Jr.
Campinas, 4 de outubro de 2009.