sexta-feira, 1 de junho de 2018

Coração em aporia


Na classe de literatura
estranhavam-me a impotência
de ler algo tão curto
como a colônia penal
enquanto crime e castigo
passava rápido pelos meus olhos
duas, três, não sei quantas vezes.

(Reli para o seminário
o professor que eu admirava
se disse impressionado)

Kafka é maravilhoso,
não precisam me explicar,
mas muitas páginas são nada
quando se encontra no final
graça, esperança e redenção.

Insistiam comigo, era piegas
a expiação do culpado,
eu pensava aqui dentro
e respondia sem receio
que não entenderam.

Já faz dez anos
de quando eu não lia
o livrinho,
cheguei à última página
e vi a ausência permanente,
o coração em aporia
resolveu-me o problema.

No fim das contas
é bastante simples,
não me agradam
os livros sem graça.

Anápolis, 1º de junho de 2018.

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