Como poderei deixar
a poesia
e me voltar para
textos sem sentido
dizendo coisas que
não quero dizer?
Não posso, não
consigo abandonar a arte
- uma menina dança
num vídeo -
por essas coisas tão
importantes da vida
como o trabalho
incessante dos dias.
A música da minha
juventude
pulsa no coração,
pulsa como antes,
e sempre volto.
A vida chama,
obriga, bate,
a gente vai, lava um
pouco da louça,
fica na reunião até
o final,
discute, reforma,
prepara,
corre no mercado
comprar o esquecimento.
Enquanto isso passa
rápido
na cabeça coração
devaneio
estão as velhas
canções
o quadro lindo da
exposição
os versos tocantes
do amigo
o céu azul no
parque
(com toalha e pique
nique)
o balé da década
passada
a peça durante a
greve
o Elvis dançando na
rua
o show que vimos
juntos
a oração solitária
e de mãos dadas.
Parece pouco,
talvez,
mas é tudo.
Anápolis, 1º de
junho de 2018.
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