quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Os brutos

Os brutos,
como se sabe,
também amam.
Mas o amor dos brutos
é como eles,
forte, violento,
brucutu.

Os brutos,
quando tranquilos,
maquinam algo.
Roem as unhas,
sofrendo, pensando
no próximo ataque
da vida.

O bruto é assim,
mesmo sem sofrer
nunca
nenhum ataque.

O bruto,
quando agradecido,
consegue, com esforço,
parir um obrigado.
E afasta-se rápido
quase envergonhado.

O bruto,
quando gosta de alguém,
faz-lhe coisas,
fica ao seu lado,
resmunga
e nunca diz
simples assim,
te amo.

O bruto,
quando está contente,
corre a fala solta,
euforia pura,
canta e dança
e xinga.

O bruto,
quando concorda,
demora a dizer sim
e depois faz
igualzinho
– ideia própria.

O bruto,
como qualquer um,
tem o mundo ali dentro
mas faltam palavras
para colocar de fora
o sentimento.

O bruto é desse jeito,
vive a vida
esbarrando nos outros
quando queria mesmo
um abraço.


Anápolis, 1º de janeiro de 2018.

Nenhum comentário: