Para Goiás
Devagar como as águas do riacho
a vida vai seguindo
até a próxima curva
a seca de todos os anos
e a ressurreição.
Escuto os sons
um por um
no escuro, à noite
sob o luar sorriso
um por um
devagar.
É verdade
tudo aqui demora mais
onde estão os lugares
os óculos não chegaram no prazo
o médico não veio hoje
os amigos
ainda estão escondidos.
Devagar espero
a vida adiante
a festa, o festival
ando no mato
banho no rio
sob o sol.
Caminho à noite pela cidade
de história e escravos
a tradição e a família
os outros como eu
fugindo e procurando.
A vida não acaba aqui
ela começa outra vez
até onde a gente não sabe
antes de fazer a curva
o rio pode secar.
É pequeno o labirinto
das ruas de pedra
as grandes árvores dos quintais
cantam ao entardecer.
Devagar
e só às vezes
as palavras vão
brotando dentro em mim
como da primeira vez
e a vida vai
e o tempo passa
em toda parte
parece igual
mas aqui parece
um pouco mais
devagar.
Cidade de Goiás, 17 de abril de 2011.