sábado, 13 de janeiro de 2018

O sono

O sono é um prenúncio da morte, 
o cansaço dos dias, 
a desilusão com a vida. 

O sono é o único remédio 
para o esgotamento 
de todos os trabalhos ordinários. 

Depois da farra - o sono. 
Estudo compenetrado - sono. 
Labuta frenética - ah, o sono! 
Ele subjuga, 
ergue-se vitorioso 
sobre a consciência altiva. 

Embriaga e seduz 
corpo e alma. 

Chega num bote certeiro, 
carinho manso, 
na cama quentinha, 
no chão da praça, 
na biblioteca. 

Compromete a imagem: 
as bochechas amassadas, 
o restinho de baba, 
os olhos de ressaca, 
o mau-humor descontrolado. 

Nada mais existe 
quando o sono vence, 
a vida perde as cores 
e escurece. 

O sono é um anúncio da morte. 

Depois dele surge o dia, 
luz e vida, 
nos esperando 
a ressurreição.

Formosa, 10 de janeiro de 2018.

Nenhum comentário: