quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Paramnese (provisória)


Quando escuto aquela canção
subitamente melancólica
as grandes nuvens das serras
úmidas do choro dos deuses
descem sobem dissipam
abraço o mundo
e lembro muito bem
da necessidade
da virtude
da beleza
da vida
da arte.

Goiás, 15 de setembro de 2011.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Notícias

Mando notícias, amigos
em pouca prosa distante
em versinhos aqui e ali.

Leiam atentos
percebam
cada palavra
impregnada
da vida aqui
das memórias lá.

(Desculpem-me
lá é o aqui de vocês)

Mando notícias daqui
do longe de vocês
o inominado cerratensis
sertão acabrunhado.

O mundo urge
as correrias urbanas
distâncias lentas.

Aqui respondemos
desleixados
à urgência.

Não vou vê-los
amigos,
já não posso vê-los
sem sofrer.

Inimaginem minha vida
venham, vejam.

Carrego todos comigo
junto ao esquecimento
e a mirada baixa
(é para proteger do sol)
tentando ver
em frente
o que vem.

Goiás, 7 de setembro de 2011.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Hoje

Quero ver
todos os lugares
o aqui hoje
impossibilita infinitos.

Noutra parte
meu coração volta.

Tudo é imenso
e lindo e até
esplêndido
como a vida.

O tempo mata
a desolação humana
não espera.

O tempo
como sempre
só faz passar.

E estou aqui
querendo longe
ver todos os lugares.

E no pensamento
longe
meu coração
volta.

Minha casa de agora,
minha cidade do hoje.

E aqui
os lugares
e o mundo
vão se esvaziando
tudo fica
sem cor
desalmado,
esperando
esperando...

Goiás, 6 de setembro de 2011.

Poesia escolar

Num lado
a palavra
ressoando
baixinho.
Ali um murmúrio
ausente ocupa
espaços e impede
com tristeza
a poesia.

Goiás, 6 de setembro de 2011.

Era eu

Esse era
e não sou mais,
como é difícil
observar.

Goiás, 6 de setembro de 2011.

Fotografia

Pediram sorrisos
naquela foto
para no futuro
parecesse
que éramos felizes.

Cidade de Goiás, 6 de setembro de 2011.