Estávamos na sexta série
e devíamos
apresentar um trabalho.
Meu amigo teve uma
ideia
acabei por acatar
sem saber muito
porquê,
mas já não me
importa.
Vamos cantar –
disse ele
uma música muito
boa,
deu a letra e
ensinou
parte a parte.
No dia certo fomos
lá
na frente dos outros
um papel na mão,
a melodia na cabeça,
as pernas tremendo
um pouco,
a voz desafinada.
Abandonei o coral
aos onze anos
e pensava nas
brincadeiras infantis,
os jogos e piadas
meio tontas.
Meu amigo não,
meu amigo era um
visionário,
sabia de outras
coisas.
Só percebi depois
e hoje vejo ainda
mais.
Na frente da turma
aos onze anos
com medo e vergonha
começamos e nunca
esqueci:
“Quando está
escuro
e ninguém te
ouve...”
Eu ainda era
criança,
mas tinha um amigo
visionário.
Não me lembro seu
nome,
mudei de escola
e nunca mais o vi.
Anápolis, 19 de
setembro de 2019.