quarta-feira, 8 de julho de 2009

Palavras noturnas

A Noite engole as palavras

e desperta silêncios

há tempos inconcluso

em certos HOMENS

passeando, estes, pela vida

observando ATÔNITOS

i-mo-bi-li-za-dos

pela normalidade

dos tempos modernos

de uma F E L I C I D A D E

obrigatória, sombria e


solitária


morrendo aos poucos

por uma dor insensível

enquanto buscam

a todo CU$TO

e trabalhando sem cessar

uma PAZ inalcançável

neste estado das coisas.


No silêncio inconcluso da Noite

liberto as palavras

acuavam-me o sono

como a tantos outros

oprimidos pela normalidade,

F E L I C I D A D E atroz,

perseguidoras das almas


solitárias


na Noite que engole as palavras

para libertá-las do sono

da insensatez.

Sangue

Uma faca fincada no coração
fundo, espirra sangue,
e vou andando.
No peito a dor de sempre,
do dia a dia, de ser quem não sou.
Na superficialidade de minha alma
espero uma canção tardia
romântica e antiquada
de meu peito dolorido
cego, cego de ternura
de sofreguidão.

Caminho, espirrando sangue,
tinta, pensando em ser tão bom
e fingindo sem querer,
que a espera se revolve em solidão,
quieta e cáustica
no peito profundo
sem romance.

Evoco uma revolta
Romântica!
A causa são males
desse nosso mundo doentio.
Mas em aspereza, sem tanta dor,
sem aquelas ilusões
que a gente esfrega na cara
e se esquece do lirismo.

Essa faca fincada no peito
sou eu mesmo contra mim,
contra o mundo perdido,
indisposto, querendo comprar
o romantismo, a profundidade,
vendendo catchup sabor sangue
pra cada um sentir o gosto.

Do coração espirra o sangue das pessoas
e eu queria tirar essa faca maldita
mas sem ela
não sei mais andar.


(31.07.2007)