segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Do belo amor


Pensei em responder passo a passo
aos poemas de Álvaro de Campos
fingindo-me grande, imenso, infinito,
como se estivéssemos frente a frente.

A intuição cósmica da tristeza
e o desespero labiríntico
descem na garganta secos,
são tão belos.

Não, não posso respondê-los,
são tão lindos.

A beleza é dessas coisas,
cada dia vemos,
cada dia admiramos.

Admiro-te então, senhor Álvaro,
teus escritos desencantados,
tua angústia voraz,
essas lágrimas entrecortadas
de quem entrou de súbito na tabacaria
para um gole de absinto.

Um dia, um dia certamente,
um dia desses qualquer,
de céu azul e sol ardente,
a alegria aparece
e o amor vence o medo.

Goiás, 31 de agosto de 2015.

Nenhum comentário: