Como colheradas de desgosto
no café, almoço e
janta,
todos os dias deste
ano.
O prato sempre
cheio,
já conheço o
tempero,
mas nunca me cai
bem.
Vou sorvendo sem
querer
colheres muito
cheias
de vergonha, raiva e
ódio.
Sinto o estômago
pesado,
o sangue um pouco
sujo
e dor no coração.
Quanto tempo nos
resta
desse amargo na
boca,
quando vamos
respirar
fora dessa névoa
empesteada,
até quando valerá
a proibição dos
sonhos,
quando os jovens vão
se amar,
os velhos vão
sorrir,
e a gente – no
meio do caminho
vai viver pensando
vale a pena,
quero tudo outra
vez...
Meu espírito está
amarelo,
a cabeça um pouco
zonza,
procuro, e continuo,
assim mesmo,
desespero,
uma nota de
esperança.
Anápolis, 8 de
junho de 2019.