Não se engane,
sempre tivemos entre
nós
facínoras
despudorados
nos bares com
cervejinhas,
nas festas de Natal,
nas reuniões de
condomínio,
por aí.
Parece, não sei
bem,
isso se disfarçava
– um pouco –
pela nossa alegria,
o desejo de sermos
bons,
o sonho do Brasil
país do futuro,
potência simpática.
A gente tinha o
samba,
a seleção de 82,
a Amazônia toda
verde,
os índios do Xingu.
Um pouco depois
tínhamos sonhos
bons,
as crianças nas
escolas,
os jovens fazendo
faculdade,
a ciência
brilhando,
ninguém com fome
entre nós.
Os facínoras se
calavam,
seu ódio
envergonhado
se adoçava de
outras coisas.
Agora os sonhos são
outros,
matar os
desajustados,
chicotear os pretos
no tronco,
queimar e cortar a
floresta,
destruir educação
e ciência.
Acabou a mamata!
Somos um novo país
cheio de bons
patriotas
que cantam sem
entender
nosso esplêndido
hino
nos jogos de
futebol.
Voltamos no tempo,
parece,
mas não.
Nosso melhor
desenho,
nossa foto no
espelho,
são os comentários
malditos
nas matérias mais
absurdas
publicadas na rede
mundial
e também as
mentiras
nos grupos de zap
zap.
Celebramos a
ignorância,
abraçamos o ódio,
vamos para a guerra,
é nossa religião.
Os facínoras,
sempre entre nós,
estufam o peito
e discursam
malfeitos
em rede nacional.
É o Brasil,
meu Brasil
brasileiro!
Para todos nós
no pesadelo de olhos
abertos
infeliz dia da
independência.
Anápolis, 7 de
setembro de 2019.
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