sábado, 24 de agosto de 2019

Colheradas de desgosto


Como colheradas de desgosto
no café, almoço e janta,
todos os dias deste ano.
O prato sempre cheio,
já conheço o tempero,
mas nunca me cai bem.
Vou sorvendo sem querer
colheres muito cheias
de vergonha, raiva e ódio.
Sinto o estômago pesado,
o sangue um pouco sujo
e dor no coração.

Quanto tempo nos resta
desse amargo na boca,
quando vamos respirar
fora dessa névoa empesteada,
até quando valerá
a proibição dos sonhos,
quando os jovens vão se amar,
os velhos vão sorrir,
e a gente – no meio do caminho
vai viver pensando
vale a pena,
quero tudo outra vez...

Meu espírito está amarelo,
a cabeça um pouco zonza,
procuro, e continuo,
assim mesmo, desespero,
uma nota de esperança.

Anápolis, 8 de junho de 2019.

Nenhum comentário: