quarta-feira, 6 de abril de 2011

Um poema para os meus amigos ateus torcerem o nariz


A história do mundo quica em
minha cabeça
e então eu penso:
será possível ter uma conversa amistosa
com um comunista ranzinza?
E se eu falar de Deus e das questões existenciais
que me perturbam e me resolvem
viro automaticamente um conservador?

Mas é que essas outras respostas
sofríveis e tão chatas
de evolução-ciência-e-sei-lá-o-que-mais
parece que suprimem do mundo
de uma só vez
todas as gargalhadas de alegria.
E a objetividade tão séria
é tão verdadeira e sem paradoxos
que – tenho quase certeza
parece mentira.

Mas como a gente faz pra explicar
tudo de uma vez?
Precisamos respostas, afinal, e o sorveteiro
da rua não vai me decifrar
o sentido da vida por 50 centavos
num sorvete de cajá.
Mas é gostoso num dia de calor
banhar no rio e pular como criança.

(O rio e a criança são recorrentes em meus poemas, eu sei)

Só que se eu for inocente serei enganado.
E então?

E então podem dizer o que quiserem
quem sabe não digam nem pensem
nada sobre isso
e minha vida lhes seja de todo
indiferente.
Mas se não for e vocês pensarem
considerem só um momentinho
– eu quero um mundo justo também –
considerem a possibilidade
pequena e absurda
de Deus estar lá
sorrindo conosco
quando a gente vive
e desfruta a vida
e se alegra
como crianças inocentes.

Não sei de tudo
a beleza de existir
e o sol, o rio, os pássaros
e a alegria de vez em quando
ah, tem algo escondido ali
uma sombra, um caçador
o nome que for
é mais do que podemos ver.

Goiás, 4 de abril de 2011.

Um comentário:

Ana Paula disse...

Apesar de recorrente, as palavras rio e Criança, essas nos trazem tudo que a de melhor na vida... o viver verdadeiramente e de forma feliz simples e caridosa cheia de imaginação e ações, seja criança ou um rio receba e repasse tudo que lhe derem de forma simples mas verdadeira...