quinta-feira, 8 de maio de 2008

Até onde vai o tempo

Até onde vai o tempo,
quando terminam as horas,
onde vai dar esta estrada?
Se conto os passos de minha caminhada
como posso acertar o caminho?
Se esse relógio é incessante
como pode haver um momento
em que ele pára?

Antes de tudo
reinava o caos.

Numa grande escuridão
brilha uma pequena luz,
eternamente.

Essa passagem
faz parte das coisas essenciais.

Mas quem pode dizer
que um uivo desesperado
de um cão perdido
não faz parte
das coisas essenciais?

Aliás, para um cão,
como passa o tempo?

É um mistério indefinido
como uma guerra
que traga paz,
como um barco navegando
rumo ao horizonte,
como um aceno de despedida.

Parece que não se deve olhar atrás
tentando buscar respostas
como se o rio que move o moinho
corresse no sentido inverso
e os peixes da Piracema
não precisassem se esforçar.

É bonito um adeus na rodoviária
prolongado na memória
enquanto não termina o percurso.
São suaves as lágrimas
quando se espera que o adeus
se desfaça num breve retorno.

E talvez devêssemos nos acostumar
a acenar, virar as costas
e não olhar para trás.

Mas não viraremos
estátuas de sal.

Alto, bem alto,
até onde se possa olhar.

Nem estrelas fixas
nem respostas fáceis.

Numa respiração profunda,
no barulho das ondas do mar,
numa noite bem dormida,
na pergunta sem resposta,
até quando o tempo passa?

14-01-2008

2 comentários:

André Vadão disse...

Amei este poema, Gera Gera

G._Olivieri~ disse...

Lembra o antigo Salomão ...

Guga
Rio