segunda-feira, 12 de maio de 2008

Bolhas de sabão

A vida sempre continua,
mesmo que não seja a sua.
Pelo menos a dos outros continua
até chegarem os cavalos
de cores impossíveis
semeando o fim.

É humano ter raiva,

todos entendem.

Mais ainda quando é justificada.

E se a raiva não tem razão?

Alguém faz exatamente

o que disse que faria,

outros nunca sabem

exatamente o que fazer,

e outros ainda se esquecem

que a vida sempre continua

e não fazem nada.

Se “há bastante metafísica

em não pensar em nada”,

em não fazer nada, que há?

Metafísica...

Aos diabos!

Vamos fugir?

Tudo bem, pra onde?

Passárgada talvez,

mas a monarquia deve ter caído.

Será que as mulheres estão velhas mesmo?

Se estiverem bonitas, e daí...

Nada!

Mulheres bonitas, feias, mulheres!

Não é isso.

Nem homens, nem nada.

Me-ta-fí-si-ca!

Recebi uma resposta

em língua desconhecida.

Em resumo, não entendi.

Pode haver outra opção

por mim ignorada.

Podia visitar um leilão de carros,

ou andar até (.............................),

sem correr.

Alguns cachorros uivam ao som da harmônica.

O globo roda na ponta do meu nariz,

meu dedo aponta para a Tanzânia.

Transformei-me num bicho

das fossas abissais,

sem luz própria.

Sabe que a História morreu?

Fofocas acadêmicas.

Há há há!

Nos últimos dias choveu,

alguém estava triste,

devem ter feito poemas infelizes,

sobre a chuva, uma janela.

Chegou o sol, continuaram

fazendo poemas infelizes,

sem janela nem chuva.

Não vi o obituário dessa semana.

Não pensei em epitáfio nenhum.

Não gosto de vinagre na alface.

Sempre achei que alface fosse masculino.

Encontrei uma pedra no Uruguai,

carreguei comigo a pedra,

ela não serviu pra nada.

Ainda está comigo.

Ontem abracei um amigo.

Hoje fez sol.

(Censura).

Lembrei dos Menonitas da Coréia.

Imaginei a vida parando,

de todo mundo,

a minha não.

Chegou o fim para todos,

fiquei sozinho na eternidade.

Parei, pensei.

“Hum!”

Olhei para Deus, não resisti.

Perguntei:

“Qual o sentido da existência dos mosquitos?”

A vida sempre continua,

com-sem rima,

até que vire poesia

ou bolhas de sabão.

(Nunca conheci Menonitas da Coréia).

(26.07.2005)

Um comentário:

Anônimo disse...

Ele te respondeu qual o sentido da existência dos mosquitos? Porque eu também queria saber!