terça-feira, 16 de setembro de 2008

Vala comum

As obras de Lorca
não podem estar completas.
Ontem eu te condenei
pelo que hoje eu mesmo fiz.
Na cova sem nome
as almas atiram seu ódio
e pás de cal alvíssimo
para apagar a memória.
Um conta-gotas
para encher o oceano
e a vida se esvai numa lágrima,
numa canção de amor.
Poderíamos enviar cartas
em branco
para que os outros pudessem
imaginar livremente
o que quisessem ler.
As palavras, a música,
o silêncio.
As obras de Lorca não podem estar completas.

Campinas, 16 de setembro de 2008.

Um comentário:

G._Olivieri~ disse...

Às vezes um poema num blog pode ser lido com a imaginação de quem recebe uma carta ...

'Inda que isso seja vago.

Se cuida, 'mano. Lembro-me de vc todos os dias! :)