sábado, 6 de dezembro de 2014

Promessas não cumpridas de palavras escondidas.



Acontece com todos nós
essa falha simples
de fazer promessas impensadas
e não cumpri-las sem peso.

Não falar demais,
ser mais discreto,
ouvir em silêncio
são algumas das minhas favoritas.

Claro, não as cumpro.

Incapacidade crônica,
auto-engano,
tanto faz.

O fato indiscutível
é o não cumprimento das promessas.

Pesa sobre mim às vezes
algo mais grave.

Pensei comigo sozinho
sobre não escrever poemas para os mortos.

Minha mãe, morta, recebeu muitos deles
até que me cansei.

Daí então essa promessa meio oculta,
dessas coisas que silenciamos.

Planejei, refleti, imaginei palavras,
escutei os sons
e vi bem claro
a emoção dos vivos
lendo sobre si.

O tempo,
esse velho traiçoeiro,
impediu-me o intento.

Meu pai se despediu de súbito
e me forçou a fazer outra vez.

Descumpri minha promessa
porque as palavras,
essas ali de dentro,
ficam presas até que explodem.

Não é nada como um adeus.

É o silêncio repentino
da vida em seu fim
quando a gente não espera.

Goiás, 6 de dezembro de 2014.

Um comentário:

Lívia disse...

De fato, meu amigo

silêncio tem voz
Tem muito a nos dizer.

Silêncio ou pausa
na música parece negação
Sendo que é grande recurso.

Locus tal apreciado por minh'alma
aqui na minha cidade
é aquele onde desfrutamos da sombra do araçá.

Alemão: Friedhof, "campo da paz"
Danish: Kirkegård, "campo santo"
No idioma da minha interioridade:
Schreihof, råbgård, "campo do grito".

Silêncio qualitativo:
condição necessária pra
minha alma se ouvir
e gritar pra Deus.