quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Poema para Belo Monte

Estão chamando para a guerra
longe, muito longe, no imenso verde
dos rios infinitos, da voragem
cheia de vida delirante fantástica
chama há tempos, gritam
pela paz mas veio a guerra
antes de mim tempo atrás
agora alisto-me pacifista voluntário
corro para o combate
junto aos meus desiguais distantes
os invisíveis sob o grande mato
as crianças nadam nos rios
os homens de boca grande
pintam a cara de preto
as mulheres impunham seus facões
não os entendemos bem
os ribeirinhos invadem o canteiro
os artistas juntam-se em palavras
o vídeo, o protesto, o chamado
ecoa desde sempre
estão chamando para a guerra
é o ancestral que geme no leito
do seu sono eterno inquieto
é o rio que corre chorando
água do lamento dos povos
a floresta grita desespero
Tuíra empunha seu facão
Raoni convoca todos e avisa
vamos morrer ali
perto ou longe
juntam-se os ribeirinhos
a voz cresce CRESCE
o Xingu não morre fácil
e aquela gente sem nome
não vai fugir assim
ao urro surdo do senhor
preocupado em comprar e vender
não vai deixar vencer
a ignorância cega da ganância
intolerância velha dos covardes
temos morrido aos poucos
há tempos sem saber
como não houvesse outro caminho
sem pensamento ou coração
seguindo inertes ao deus maldito
demônio disfarçado enganou
estão chamando para a guerra
queria paz mas veio a luta
não era um deles e agora sou
sou da floresta e do Xingu
sou caiapó sou ribeirinho
vamos todos agora sem tardar
para a luta.

Goiás, 16 de novembro de 2011.

3 comentários:

Alê disse...

Olá, trabalho com material didático e gostaria de saber a autoria deste poema. É seu? Por favor, entre em contato...

Grata

Alessandra

Alê disse...

olá! A autoria é sua?

Geraldo Witeze Junior disse...

Sim, Alê, a autoria é minha. Como entro em contato com você? Pode me contactar pelo email woitze@gmail.com. Um abraço!