quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sangue

Uma faca fincada no coração
fundo, espirra sangue,
e vou andando.
No peito a dor de sempre,
do dia a dia, de ser quem não sou.
Na superficialidade de minha alma
espero uma canção tardia
romântica e antiquada
de meu peito dolorido
cego, cego de ternura
de sofreguidão.

Caminho, espirrando sangue,
tinta, pensando em ser tão bom
e fingindo sem querer,
que a espera se revolve em solidão,
quieta e cáustica
no peito profundo
sem romance.

Evoco uma revolta
Romântica!
A causa são males
desse nosso mundo doentio.
Mas em aspereza, sem tanta dor,
sem aquelas ilusões
que a gente esfrega na cara
e se esquece do lirismo.

Essa faca fincada no peito
sou eu mesmo contra mim,
contra o mundo perdido,
indisposto, querendo comprar
o romantismo, a profundidade,
vendendo catchup sabor sangue
pra cada um sentir o gosto.

Do coração espirra o sangue das pessoas
e eu queria tirar essa faca maldita
mas sem ela
não sei mais andar.


(31.07.2007)

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