Ainda me
impressionam
as pessoas na sala
de espera
do consultório
psiquiátrico
olhando arregaladas
os telefones.
Às vezes me pedem
que mande mensagem
no zap,
respondo que não,
não posso, não
quero,
e me olham estranho.
Sou de outro tempo
e nem sou tão velho
assim.
Não é questão de
idade,
gosto de olhar nos
olhos,
de reparar nas caras
esquisitas,
gosto até do tédio
das revistas velhas
sempre de direita,
de banalidades,
que folheávamos
esperando o tempo.
Outro dia me
explicaram
o que era Pokemon,
pokebola
e não fez sentido.
Nenhum.
Daí às vezes me
preocupo
de nos vigiarem
e seguirem
e matarem
às vezes de outra
forma.
Mas então, o que
fazer,
todos estão nessa
coisa
de teclar com
polegares,
tirar fotos de si,
usar ainda mais
palavras inglesas.
Comprar comprar
comprar.
Tenho que dizer onde
estou
pra pegar um táxi
mais barato,
pra namorada ficar
tranquila,
pra provar qualquer
coisa.
Não quero e me
lembro
dos dias na estrada
por aí, pelo mundo,
inseguro e sem medo.
Eram outras
esperanças dez anos atrás.
Penso mesmo em
plantar umas alfaces,
colher e sujar a mão
de terra,
e ficar ali num
canto
vendo os outros
passarem
tão rápido.
Um comentário:
Legal,Gera!!!! Também me preocupo de às vezes nos matarem de outra forma. Tá tudo tão tenebroso.
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