Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai,
por vossas misérias, que sobre vós hão de vir.
Tiago 5,1
Como nos defenderemos
dessa gente mesquinha e covarde,
a elite empreendedora,
os ricos, as corporações,
esses senhores disfarçados de dignidade
nos ternos bem cortados,
no minimalismo descolado
das jovens start-ups,
os donos do mundo e do capital,
um por cento predadores?
Senhores e senhoras
vamos aos números
do susto e da desgraça.
Menos de um por cento
de todos os seres humanos
engole quase a metade da riqueza produzida.
Ze-ro-vír-gu-la-se-te.
Vamos clarear
talvez ainda
esteja difícil de entender,
população de 0,7% = 41% do tesouro.
Certas pessoas comem por cem.
Ainda mais números,
precisamos da matemática,
senhoras e senhores.
Oitenta e cinco
é o cômputo das gentes
engolindo em bocadas grandes
oitocentos e trinta e três
pedaços do bolo
repartido em mil.
Outra vez
é preciso
esclarecer:
pessoas 8,5% = 83,3% da fortuna.
Essa gente come bolo!
E ainda querem
nos fazer acreditar
que esses poucos
produziram tudo
com seu suor e trabalho.
Sou fraco nessa fé.
O resto de nós todos
é apenas um bando
grande e preguiçoso
que não se esfoçou o suficiente
ainda?
Como nos defenderemos
desse ataque tão mordaz?
A comilança sempre aumenta
e devemos produzir outro bolo
recheado e com confeitos
para os patacudos.
Vamos todos juntos
trabalhar alegres,
bem dispostos,
talvez nos sobrem umas migalhas!
E essa gente gulosa mata
um dia após o outro
as girafas pescoçudas
os rinocerontes chifrudos
os leões reis-da-selva
os corais da Austrália
os peixinhos da Amazônia
os tubarões do mar azul
os gorilas grandalhões do Congo
infinitos seres pequeninos.
Bocarra aberta
engolindo o abismo da criação.
Dessa violência
nos defenderemos?
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