longe, muito longe, no
imenso verde
dos rios infinitos, da
voragem
cheia de vida delirante
fantástica
chama há tempos,
gritam
pela paz mas veio a
guerra
antes de mim tempo
atrás
agora alisto-me
pacifista voluntário
corro para o combate
junto aos meus
desiguais distantes
os invisíveis sob o
grande mato
as crianças nadam nos
rios
os homens de boca
grande
pintam a cara de preto
as mulheres impunham
seus facões
não os entendemos bem
os ribeirinhos invadem
o canteiro
os artistas juntam-se
em palavras
o vídeo, o protesto, o
chamado
ecoa desde sempre
estão chamando para a
guerra
é o ancestral que geme
no leito
do seu sono eterno
inquieto
é o rio que corre
chorando
água do lamento dos
povos
a floresta grita
desespero
Tuíra empunha seu
facão
Raoni convoca todos e
avisa
vamos morrer ali
perto ou longe
juntam-se os
ribeirinhos
a voz cresce CRESCE
o Xingu não morre
fácil
e aquela gente sem nome
não vai fugir assim
ao urro surdo do senhor
preocupado em comprar e
vender
não vai deixar vencer
a ignorância cega da
ganância
intolerância velha dos
covardes
temos morrido aos
poucos
há tempos sem saber
como não houvesse
outro caminho
sem pensamento ou
coração
seguindo inertes ao
deus maldito
demônio disfarçado
enganou
estão chamando para a
guerra
queria paz mas veio a
luta
não era um deles e
agora sou
sou da floresta e do
Xingu
sou caiapó sou
ribeirinho
vamos todos agora sem
tardar
para a luta.
Goiás, 16 de novembro
de 2011.
3 comentários:
Olá, trabalho com material didático e gostaria de saber a autoria deste poema. É seu? Por favor, entre em contato...
Grata
Alessandra
olá! A autoria é sua?
Sim, Alê, a autoria é minha. Como entro em contato com você? Pode me contactar pelo email woitze@gmail.com. Um abraço!
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