Deu no jornal:
mataram um homem
em Londres.
Suspeita de terrorismo.
Tudo bem, quando querem
matar alguém
é só acusar de terrorismo
que ninguém reclama.
Então mataram o homem,
o suspeito,
e ninguém se incomodou.
Logo em seguida
as notícias sobre o futebol
para alegrar o povo brasileiro!
Logo depois, desse jeito:
“E agora o futebol!”
Ninguém se incomodou
que mataram
um SUSPEITO.
Mais uns dias,
o tempo fez como sempre faz.
O suspeito,
ninguém se importava com ele,
se tinha feito algo,
se era de Catmandu
ou do Ceilão,
o dito homem
era brasileiro.
Oh, que injustiça cometida!
Como podem matar assim
um homem indefeso,
simples, trabalhador!
Não sei quantos tiros,
muita truculência,
paranóia, obsessão,
desespero anti-terrorista.
Mas até onde vai
a estupidez humana...
Ninguém questiona
a paranóia.
Ninguém pensa
Que parva obsessão.
Fosse um homem
nascido e criado
no Paquistão,
homem de bem,
trabalhador,
dedicado à família.
Comoção?
O Paquistão é um seleiro
de terroristas perigosos.
Já o Brasil,
terra do homem cordial.
Que terra linda!
Ninguém
de uma terra assim,
cheia de samba e futebol,
da arte de Pelé e Garrincha,
seria terrorista.
Se homem fosse mexicano
deixaríamos que a comoção
fosse inventada
no México.
Não tem problema
matarem um suspeito
afinal nenhum de nós
sabe o que é isso.
O que importa
a todo custo
é defender
a nossa liberdade.
Liberdade de comprar.
Campinas, 11 de abril de 2008.
Um comentário:
Uma crítica muito fina à rede global e ao "etnocentrismo imoral", na falta duma expressão melhor. Letras cheias de arte sem sair da realidade social tacanha pois incrédula e escassa em verbo-amor.
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